Os preços do petróleo continuam subindo e as Bolsas registravam quedas nesta quinta-feira devido ao temor provocado nos mercados pela revolta líbia e seu possível contágio a outros países do mundo árabe.
O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em abril aproximou-se dos US$ 120 nesta quinta-feira pela manhã no ICE (InterContinental Exchange) de Londres, seu mais alto patamar desde setembro de 2008.
Às 15h50 de Brasília, estava cotado em US$ 114,64, alta de 3% em relação ao fechamento de quarta-feira.
Nessa mesma hora, no Nymex (New York Mercantile Exchange), o barril de WTI (West Texas Intermediate, denominação do 'light sweet crude' negociado nos EUA) para entrega em abril subia 1,5% aos US$ 99,63, depois de ter alcançado os US$ 103,41 por barril no fim dos pregões asiáticos, seu preço mais elevado desde setembro de 2008.
"A continuação dos distúrbios no norte da África e no Oriente Médio e a diminuição da produção na Líbia continuam impulsionando fortemente os preços do petróleo", estimaram os analistas da Commerzbank.
David Hart, da Westhouse Securities, afirmou, por sua vez, que na Líbia "a produção de petróleo de alta qualidade foi afetada de forma importante pelo êxodo de pessoal estrangeiro".
CRISE
A Líbia, membro da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo), é um dos quatro principais produtores africanos, com uma produção de 1,69 milhão de barris diários, dos quais exporta 1,49 milhões, a grande maioria (85%) para a Europa, segundo a AIE (Agência Internacional de Energia).
Devido à violência, a produção reduziu-se conjuntamente de 1,2 milhão de barris diários para um quarto desse total, estimou nesta quinta-feira o presidente da petroleira italiana ENI, Paolo Scaroni.
A ENI reduziu sua produção líquida em mais da metade, para 120 mil barris, assim como a Repsol, que está produzindo apenas 160 mil barris conjuntamente com a companhia nacional NOC, segundo seu presidente Antonio Brufau.
Outras companhias petroleiras que operam no país também anunciaram desaceleração da produção, como a alemã Wintershall e a francesa Total.
Além disso, "não está claro se alguma exportação de petróleo está saindo da Líbia", afirmou David Hufton, analista da PVM Oil Associates.
Além da Líbia, o mercado teme sobretudo um contágio em outros produtores mais importantes da região.
No entanto, o ministro argelino de Energia, Yucef Yusfi, tentou diminuir as preocupações, assegurando que a Opep só atuará caso haja uma "perturbação real e comprovada" do mercado.
A instabilidade na Líbia continuou pesando também sobre as Bolsas.
Pelo terceiro dia consecutivo, a Bolsa de Nova York operava nesta quinta-feira em baixa na metade do pregão, com o Dow Jones perdendo 0,53% e o Nasdaq, 0,02%.
Na Europa, a maioria das praças fechou no vermelho. Em Frankfurt, o índice Dax perdeu 0,89%, a 7.130,50 pontos. Em Paris, o CAC 40 fechou o pregão em baixa de 0,09%, pouco acima da barreira dos 4.000 pontos (4.009,64), e em Londres o Footsie 100 caiu 0,06%, a 5.919,98 pontos.
A Bolsa de Madri subiu, por outro lado, 0,13%, com o Ibex-35 a 10.647,6 pontos.
Anteriormente, na Ásia, Tóquio perdeu 1,19% e Hong Kong, 1,34%.
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